Nós… 4 patas; bigodes; rabo comprido. Vocês… bípedes; sem grande quantidade de pelos corporais; sem rabo. Nah, nah, nah, não é nada que vocês possam pensar à primeira vista. No entanto temos mais em comum do que parecemos.
No final do ano passado (2007) um grupo de cientistas internacionais terminou de sequenciar o genoma do gato, para assim poderem saber mais do que faz um gato, ser um gato (além dos nossos bigodes e da nossa beleza claro!).
Estes cientistas pensam que o gato tem cerca de 20,285 genes, aproximadamente o tamanho calculado do genoma humano, que é de entre 20,000 e 25,000 genes, fazendo deste um dos genomas mais parecidos com o genoma humano. Mais ainda, o facto de este ter um grau de conservação da linhagem para com o primeiro mamífero existente (do qual todos os mamíferos se desenvolveram, incluindo-nos a nós gatos e humanos), é de 3 a 4 vezes superior ao que tem o rato. Isto permite que se consigam reconstruir partes do genoma do primeiro mamífero a partir da nossa informação.
Este estudo está neste momento a ser utilizado para se tentar encontrar curas e estudar as doenças infecciosas nos humanos tal como seja o caso da SIDA e a leucemia, que têm uma equivalência ao nível dos gatos (FIV – vírus da imunodeficiência felina e FeLV – vírus da leucemia felina, um dia também vos vou falar delas).
A hereditariedade nos felinos funciona tal como funciona nos humanos. Temos 38 cromossomas, ao contrário dos humanos com 46, organizados em pares dos quais 1 par define o sexo (cromossomas do sexo), os restantes são chamados de autossomas. Estes são um mapa de como nós somos construídos, tal como se fosse uma planta de uma casa.
Cada cromossoma é composto de uma longa molécula de ADN, herdada ou da mãe, ou do pai. O ADN é composto por genes, que são os responsáveis por definirem as diferentes características de cada um. Cada gene é composto por vários aminoácidos ligados entre eles em conjuntos de 3. Existem 4 aminoácidos diferentes que conjugados em grupos de 3 fazem um “dicionário” de 64 combinações possíveis.
A hereditariedade como é feita por conjugação do ADN do pai com o ADN da mãe, ou seja, cada um dá metade do seu ser ao novo ser. Vejamos:
Pai: ED Mãe: ed
Sendo E a metade esquerda do cromossoma e D a metade direita, as maiúsculas o pai e as minúsculas a mãe, temos 4 combinações possíveis:
1º cromossoma Ed, eD
… com mais outro cromossoma Ed, eD temos 4 combinações possíveis por par.
Vocês humanos usam isto para verificar a histocompatibilidade entre cada um para doenças como a leucemia, em que se tem de garantir a compatibilidade dos seres para se poder usar um para curar o outro.
Se considerássemos que cada gene trata de um aspecto do gato, cor, pelagem, olhos, … seria fácil percebermos como se “escreve” um gato com este dicionário. O problema é que uma característica pode ser definida por vários genes, em diferentes posições e em diferentes cromossomas, tornando impossível a tarefa de se determinar exactamente estas características.
Mas saibam mais nos próximos posts…
Purrr… até à próxima!
Big